DAS PERSPECTIVAS
O otimista diz que o copo está meio cheio.
O pessimista diz que o copo está meio vazio.
O cético duvida que haja um copo.
O pragmatista enche o resto do copo e bebe.
Viver não é difícil. Difícil é cagar deitado de bruços.
O otimista diz que o copo está meio cheio.
Vinte anos andando pelo mundo. Sem família, sem amigos. Vinte anos desorientado, sozinho, sem saber o que fazer, como fazer. Se saber sequer o que procurar, vivia a andar a esmo como a "rolling stone" da música de Bob Dylan. Certo dia, sentado em uma lanchonete, um senhor bem idoso, mas bastante sábio, sentou-se ao meu lado e começou uma conversa. Compartilhei com ele meus problemas, crises, dúvidas e anseios. Ele me ouviu, quieto, por horas. Quando finalmente parei de falar, disse ele:
Os homens se dividem e se multiplicam em:
Estou pensando em fazer uma readaptação para o cinema de O Estrangeiro, aquele livro do Albert Camus que todo mundo gosta de falar que leu. Mas ao contrário da clássica adaptação de Luchinno Visconti estrelada pelo Mastroianni, na minha adaptação a obra sofrerá algumas pequenas alterações. No lugar de Mersault, o personagem principal da obra camusiana, o protagonista do meu filme se chamará Marquinhos, e é operador de telemarketing em Belford Roxo. No lugar da mãe morta, inseri uma tia-avó que sofre de Mal de Freud [compulsão por ver putaria em tudo que é lugar]. E no lugar do árabe assassinado a tiros, no meu filme é um pivete que toma uns cacetes pra deixar de ser abusado. Mas o resto do enredo deve permanecer o mesmo, feitas as devidas correções em nome da coerência. Ah, sim: o filme, ao invés de "O Estrangeiro", vai se chamar "Peru de Fora Não Dá Peruada".
1. Compor uma narrativa, em qualquer estilo, entre 15 e 20 linhas, que termine com De súbito, exclama o tamanduá: "E é por isso que eu não toco acordeon!!!"
Vocês já perceberam que nos filmes americanos, para que um baile de formatura entretenha todos os alunos de uma mesma turma sem deixar ninguém na mão, é necessário que cada turma tenha exatamente O MESMO NÚMERO DE HOMENS E MULHERES? Visto que é uma possibilidade consideravelmente remota, podemos concluir que o baile de formatura é um evento que não raro deixa de fora um bom número de alunos de algum sexo. E quais as conseqüências dessa exclusão social?
1) Um intelectual se faz com muitas idéias na cabeça e pouca disposição em compartilhá-lhas.
Desafio/2006:
FAVOR REPETÍ-LAS DIARIAMENTE DIANTE DO ESPELHO, DE ACORDO COM O ESTÁGIO DE SEU DESÂNIMO
Inveja, Ira, Orgulho, Avareza, Preguiça, Gula, Luxúria
Aqui na frente da minha casa tem uma creche. Hoje está tendo uma festinha. Eu escuto daqui a voz, no microfone, da recreadora, que aparenta ter os seus 20 e poucos anos - embora a preguiça me impeça de ir até a varanda dar cabo de uma análise empírica mais detalhada. E tudo o que escuto é sua voz de comando:
Pra quem já está cansado de saber a melhor hora pra perder a virgindade ou o jeito certo de colocar a camisinha:
"É o seguinte, doutor: quando eu tinha uns 5 anos, meus pais foram torturados, assassinados e escalpelados na minha frente pela tia Ana, uma moça muito simpática e bonita que trabalhava na minha casa. Depois disso ela pegou todas as coisas legais que tinha lá em casa, e eu fui morar com ela num kitchenette em Itaquaquecetuba-mirim. Um dia ela resolveu se casar com o tio Paulo, um rapaz simpático e bem-apessoado, que tinha fugido recentemente de Bangu 1, e estava se escondendo lá na cidade. O pessoal na cidade dizia que ele era estuprador e pedófilo, mas eu e meus amigos achávamos ele um cara bem legal, que sempre comprava sorvete e levava a gente pra tomar banho pelado no rio. Todo dia de manhã ele me acordava pra ir pra escola e depois da aula a gente ficava a tarde toda jogando bola. Aí toda noite, depois que a tia Ana ia dormir, ele vinha no meu quarto, me acordava, abaixava as minhas calças e colocava o totôto dele no meu ânus. Doía muito, sabe, mas ele me dizia que era assim mesmo, que isso ia fazer crescer cabelo no meu peito e que eu ia jogar bola melhor. O problema, doutor, é que o tio Paulo às vezes ficava a noite toda fazendo isso, e aí eu não conseguia dormir direito, e de manhã não conseguia assistir às aulas. Aí acabou que eu repeti a quinta série umas quatro vezes. As outras crianças então me chamavam o tempo todo de burro, idiota e retardado, e sofri com isso ao longo de toda a minha adolescência e pré-adolescência, até o início da idade adulta - que foi o tempo necessário pra eu concluir o ensino fundamental . Acho que essas provocações constantes podem ter me traumatizado, e provocado os problemas de auto-estima e depressão que tenho hoje. Será que tem cura, doutor?"